terça-feira, 8 de julho de 2014

(...) Trocando em miúdos, pode guardar as sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós. As marcas do amor nos nossos lençóis.
As nossas melhores lembranças.
Aquela esperança de tudo se ajeitar, pode esquecer.
Aquela aliança você pode empenhar, ou derreter.
Mas devo dizer que não vou lhe dar o enorme prazer de me ver chorar.
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago. Meu peito tão dilacerado.

(...) Eu bato o portão sem fazer alarde. Eu levo a carteira de identidade.
Uma saideira, muita saudade. E a leve impressão de que já vou tarde.


domingo, 15 de junho de 2014

Guardo mil histórias dentro de mim.
Histórias e segredos meus.
Histórias e segredos dos outros.
Confissões, desabafos...
Medos, insanidades,
Realidades e verdades.

Antes colecionava histórias.
Procurava e me impressionava.
Hoje elas simplesmente chegam
Certeiras, Inesperadas,
Carregadas de dor.

Chegam de quem menos se espera,
de quem menos 'aparenta',
de quem finge ser livre,
mas não sabe que é prisioneiro
de si mesmo.

Histórias! Eu as absorvo!
Não sou absorvida por elas...
Tenho uma alma inquieta!
Gosto de ouvir a tristeza,
para lembrar que sou feliz.

Preciso dos meus momentos.
Primo pela solidão!
Pela paz, pela minha companhia!
Eu me preciso, demais!

Histórias! Sei entendê-las!
Aceito-as como são.
A maior loucura é normal.
Por quê não?
Mas estou sempre tanto com os outros...
Necessito estar mais comigo mesma..

Ouço histórias intermináveis,
Confissões inacreditáveis,
Quase enredos,
Narrativas impecáveis,
Que dariam bons livros!

Ali vejo que preciso tempo
pra escrever também a minha história,
Tenho necessidades diferentes dos outros
Sou inquieta, mutante, inconstante!

Preciso de momentos comigo que não abro mão.
Preciso revisar o que eu fui,
Ver o que estou sendo,
Saber o que eu quero ser.

Tenho que me encorajar,
admirar e criticar quando mereço.
Tenho que ter tempo sozinha comigo.
Ninguém entende melhor de mim
do que eu mesma!

As pilhas de histórias que ouço
me fazem refletir sobre elas e sobre mim.
Fazem com que eu me reinvente,
E me redescubra.

Mexem comigo,
Mudam a minha vida..
Pra melhor..
Nunca pra pior.

Há dor, há sofrimento,
Mas ele se transforma
Em reflexão,
Em questionamentos,
Em soluções,
Em coragem,

Em rimas desconexas,
Repletas de sentido,
Carregadas de vida,
Se transforma naquilo
que faz alguém não abandonar o barco,
seguir a marcha,
e Tocar em frente

O sofrimento se transforma,
No fim, ele sempre, sempre,
Se converte, em esperança!

terça-feira, 27 de maio de 2014

a cara do fim

Quando duas pessoas se amam e se importam umas com as outras, existe o querer dar certo. Existe a conversa, as discussões, mas existe um entendimento mútuo. Estão ligadas pelo amor, e juntas por um objetivo comum, elas TENTAM! A melhor maneira de saber quando uma relação chegou ao fim é por meio do desinteresse de um dos dois lados, Não existe mais a vontade de dar certo de forma genuína, não existe mais o esforço demandado anteriormente. Quando uma conversa é demais, um desabafo é o cúmulo, um olhar é querer muito! E não falo em paixão, muitos relacionamentos têm esse cuidado, esse interesse, mesmo quando a paixão já foi embora. E são bons, fazem bem, são leves. É melhor sentir que alguém se importa do que ouvir um "eu te amo"! Aliás, foram-se os tempos do "eu te amo", tão vazio, sem significado. Pelo comodismo do dia a dia, pelo cansaço, vai o "te amo" mesmo, azar! O pior de tudo é viver o término da relação estando dentro dela. Viver o luto lento do fim do amor! Não existe remédio, feitiço, reza e macumbeira capazes de trazer de volta o interesse perdido, a empatia, o zelo! Se foi! Melhor se conformar! Melhor sofrer o luto a vestir um personagem 'do jeito que o outro gosta' O verdadeiro amor é gostar do outro como ele é! Simples! Fácil! Manjado! Mas difícil pôr em prática. Torna-se patético frear impulsos, reprimir atitudes, vontades, opiniões para ser quem o outro sonha. No início da relação, somos perfeitos aos olhos do outro, senão perfeitos, somos suficientemente o bastante para ele. E isso basta! Ser quem somos! Sem fachadas, sem mistérios, sem joguinhos. Sem mais! Quando um dos lados perde o interesse, tudo do outro pesa. O jeito do outro irrita. "Fala demais, reclama demais. Sai pouco, se veste mal". Os hábitos do outro irritam. "Dorme tarde, come mal". As escolhas dele não surpreendem. "Ah, legal! Já sabia"! As vitórias não são mais comemoradas com emoção: "Parabéns tu merece"! Tornam-se dois estranhos, com um tratamento quase formal, onde não cabe mais vivacidade. Qualquer fato novo e até grandioso não é motivo para felicidade, para empolgação, pra soltar fogos de artifício, abrir um champagne, sair para festejar, pra fazer aquela comida especial, pra matar aula, sair mais cedo do trabalho, para comprar flores ou um cartão, fazer uma declaração, gritar de felicidade, rir e chorar juntos pela conquista!Pois não é um, são os dois que venceram, estavam juntos sempre! E sim, é esse o famoso 'lado bom da vida', não o casamento, a formatura, o nascimento em si, por mais que sejam datas felizes. São esses pequenos momentos camuflados no cotidiano que mantém acesa a chama do sentido da vida! O cobiçado 'sucesso', pra mim, é saber ser feliz, saber identificar momentos preciosos que acontecem na vida sem data marcada e assim, festejá-los ao seu jeito! Sem manuais, sem cerimônias. Sim, deveria ser assim! Deveríamos poder compartilhar esses momentos junto de alguém. Mas, se um dos dois está mais ocupado com seus projetos pessoais e não permite-se dividir as pequenas alegrias da vida, e volta-se somente para o que lhe convém, não adianta! É o fim! Assim, certeiro! Porque amor é envolvimento, é VONTADE, é respeito e cuidado! Amor não é dizer eu te amo. Entre ouvir um "eu te amo" e sentir-se amado(a)existe um abismo, que abre espaço para nossas angústias mais profundas, para dúvidas, para incoerências sem tamanho. Amor não é menosprezar os problemas do outro, o jeito do outro, a VIDA do outro! A palavra amor já teve múltiplos significados pra mim, mas se hoje pudesse traduzir em uma frase, diria que: AMOR É O ATO DE SE IMPORTAR! Só isso! Me senti amada quando sofri minha primeira decepção amorosa e vi nos olhos da minha mãe o seu sofrimento! Pude sentir o seu amor pleno que transbordava naquele momento, mais do que nas várias vezes em que ela me disse 'eu te amo'. Me senti amada quando pensava estar no fundo do poço e amigos ficaram até altas horas emprestando um ombro pra eu chorar e desabafar. Me senti amada quando estava tão triste e completamente sem fome e minha prima fez um chocolate-quente pra mim. Me senti amada quando liguei pra contar uma novidade boa pra minha tia sobre uma conquista minha, e ela comemorou mais do que eu mesma. Me senti amada quando nem eu mesma me aguentava, já estava cansada de mim, e minha amiga disse que adorava meu jeito, que pra ela eu era melhor. Quando eu me sentia completamente incompreendida, e então, ela comprava minhas brigas e minhas dores. E me dizia que tudo ia ficar bem! Me senti amada quando não passei no vestibular e meu pai veio conversar comigo, disse que entendia meus motivos, estava do meu lado, que daríamos um jeito juntos e que 'isso não é o fim do mundo'. Me senti amada quando quis jogar tudo pro alto, terminar a relação e meu namorado disse que relacionamentos têm altos e baixos e que o melhor jeito de se entender é conversando. Quando já não acreditava mais e ele insistiu dizendo que nós valemos a pena, só basta querermos! É isso! "Só basta querermos". Eu tiraria o "SÓ". O "SÓ" é como se fosse uma sigla que abarca uma nomenclatura imensa. E assim, acrescentaria: Temos que querer todos os dias! Temos que persistir depois das brigas! Temos que conversar! Temos que arrumar tempo um para o outro! Temos que buscar compreender um ao outro ao invés de arrumar mais problemas! Temos que facilitar a comunicação ao invés de interrompê-la! Temos que ser firmes! Persistentes! Não desistir! Querer MUITO! Querer hoje, agora, amanhã, de novo, de novo e mais uma vez! Vencer o cansaço! Querer, querer, e enjoar de tanto querer! Acho que é isso! E ainda por cima das duas partes! UFA! ISSO JÁ É MUITO! Não é um "só", é um "demais", é um trabalhão! É a vontade de duas pessoas! E vale pra todas as relações, sejam elas amorosas, profissionais, de amizade, enfim... O ato de flexibilizar, de não desistir do outro, de buscar entendê-lo, é o que move as relações humanas, ou pelo menos, o que deveria movê-las! Claro que existem as opiniões que divergem, os gostos diferentes, as ideias que não batem. Isso é bom e saudável! Mas para qualquer relacionamento se manter é necessário vontade e disposição para perceber quais são as necessidades do outro. E a velha história de dar valor depois que perdeu é simplesmente não amar! É preciso deixar o egoísmo de lado. Entender que se são dois, é obrigatório que haja divisão; das alegrias, das contas, dos momentos, das dores, do novo.. enfim, Entender que não é só a minha vontade que importa. É ter maturidade pra estar cansado, mas saber ceder às vezes, pra estar triste mas acolher o outro e não culpá-lo de seus dramas, é dividir as dores. E posteriormente, as alegrias. Só quem se dispõe a estar presente nos momentos difíceis, merece estar junto nos momentos felizes! O amor é isso! E se 'isso' não existe mais, ele acabou! Abrem-se brechas para o silêncio. Para o não dito! Não dito por preguiça. E preguiça é desinteresse, é indisponibilidade de doar-se! Não é amor! Inexistem tentativas de mudar, de dar certo, porque não tem conversa, não entendimento. Apenas o silêncio é compartilhado! E ele, nesses casos, faz planos! Planos que são idealizados sem o aval do outro, sem seu consentimento. Aliás, aonde não existe diálogo, resta o silêncio. Carregado de expectativas, de vontades, de perguntas, angústias, de: "será que ele vai notar que estou triste, será que vai perguntar, será que isso algum dia irá mudar"? E as tentativas de ouvir e falar com o outro falham e falham e falham!!!! Modo offline ativado pro amor! E é esse desentendimento que perturba, é esse silêncio que incomoda. Envolto de 'te amo's', de demonstrações materiais, de frases curtas e rápidas, sem conversas, sem interesse, sem conhecer quem está ao seu lado verdadeiramente! É um silêncio doloroso, irritante. E o pior de tudo, é quando a estagnação toma conta, quando nem sequer espera-se uma mudança, um olhar carinhoso, uma tentativa de se aproximar do outro, quando morre a esperança e nós já sabemos o que isso significa! Fica o silêncio, mas se compreende a sua mensagem!

terça-feira, 20 de maio de 2014

(...)

"nem que faça um tempo ruim, não se sinta assim, só pela metade"

leveza

Desencanar - eis um modo de vida! Deixar de lado. Despreocupar-se! Poupar angústias! Viver sem neuras, nóias, stress... ou pelo menos, tentar! Às vezes, para preservar a nossa sanidade mental precisamos deixar que as coisas aconteçam a sua maneira, sem interferências, deixar tomar o rumo que for! Let it be! (Clichê, mas muito real). Sofremos pelo medo de perder pessoas, pelo medo de não realizar sonhos, pelo medo de dar errado! Muitas vezes, queremos tanto algo que deixamos de lado o principal: buscar entender o motivo de querer aquilo, seja uma pessoa, um trabalho, uma viagem, uma roupa, uma festa... enfim... Queremos de VERDADE aquilo ou queremos porque é a pessoa mais popular (mesmo se for idiota), o trabalho que dá mais retorno financeiro(mesmo se não trouxer felicidade), a viagem dos sonhos (mesmo se não for a primeira opção), a roupa perfeita (só porque é da moda), aquela festa (nem gosto das músicas, mas todo mundo vai). Enfim, é muito fácil nos perdermos entre o que é imposto socialmente e o que é realmente uma vontade autêntica. E o problema nisso tudo é ficarmos cegos e deixarmos de ser quem somos em nossa essência, e assim, ir atrás de coisas superficiais que não trazem a felicidade por completo. E isso gera uma imensa frustração, uma sensação de perda de identidade, o que nos impede de sermos pessoas leves. Dessa forma, é melhor abrir mão dessas felicidades pré fabricadas, roteirizadas, vendidas por aí, e ir atrás do que sempre fez acelerar nosso coração, do que sem esforço nenhum tocou nossa alma, das coisas plenas! Sendo assim, é melhor aceitar! Aceitar a nossa imperfeição! Aceitar não preencher os requisitos de uma vaga de emprego, ou na vida de quem queríamos. Aceitar ter errado naquela prova, naquela chance crucial de subir na carreira, naquela escolha errada - da roupa comprada e nunca usada, naquele trabalho que achamos que seria totalmente diferente, mas não foi, naquele relacionamento que não deu certo. Aceitar sim, mas sempre buscar aprender e evoluir com esses 'nãos' da vida. Evoluir pra nós mesmos, pro nosso crescimento pessoal, pra sermos pessoas melhores. Não na beleza, no currículo, mas sim donos de sentimentos e intenções mais nobres. Capazes de tocar a vida com serenidade, otimismo, desprendimento. Evoluir para viver melhor, sem se contaminar com sentimentos negativos, com a maldade que existe no mundo. E mesmo assim, com todas as dificuldades da vida, com todos os nossos erros, tropeços, com os vacilos maiores do que os acertos ainda acho que existe muita coisa boa pra quem tem vontade de viver e se jogar nas incertezas, no novo, nos desafios. Afinal, por que levar tudo tão a sério? Por quê? Acho que com o tempo, na medida em que vamos amadurecendo percebemos mesmo que LENTAMENTE que isso é desperdício de vida, de energia, de dias, noites, enfim... podemos decidir o dia que queremos, o nosso ano, e nosso futuro, só depende da atitude que tomarmos frente a vida! Então, vale a pena ser leve! Distrair-se dos problemas,das dores de cabeça. Frear aquele impulso de ter pensamentos pessimistas, de que tudo dará errado. NÃO PENSAR! VIVER! Alongar aquela história que contamos para um amigo, aquela risada involuntária quando dividimos uma afinidade com alguém, prolongar os momentos felizes e encurtar os questionamentos sem fim, os medos. Aliás, medo deve servir apenas como impulso e não como fonte de paralisação. E no mais, deixar acontecer o que tiver que acontecer... sem forçar, sem impedir que seja natural. Temos um imenso problema em viver o hoje, o agora, esse minuto, planejando o próximo. Sonhando com um mundo, com uma vida ideal, enquanto o tempo está passando no relógio e estamos sofrendo ansiosamente pelo futuro, esquecendo do presente, nossa única realidade. Sim, sonhar é realmente maravilhoso, mas só isso não basta! Idealizamos os nossos sonhos de forma absurda, e não, eles não condizem com a realidade. A realidade é mais complicada, mais trabalhosa, mas ela é a única coisa que temos de fato! E ela pode ser deliciosamente gostosa, e melhor do que isso - surpreendente! Acho que tudo se resume a levar a vida de forma mais leve e real e acreditar que isso pode ser bom. E como diz o Machadão, foda de Assis: É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir." Acredito que devemos sonhar sim, mas é impossível viver só de sonhos sem ter os pés no chão, sem muitas vezes chorar,se frustrar diante da realidade (dura), mas desenvolver habilidades de embelezar, de suavizar a vida.. Afinal, "viver é melhor que sonhar" (E.R.)porque os sonhos podem não acontecer, podem não ser tão perfeitos como idealizamos e a vida é a nossa história, o nosso livro, nossa biografia, que com amor e doçura pode ser melhor a cada dia - e me arrisco dizer, até melhor que o sonho! Nada vale o que temos de REAL hoje, o que SOMOS, e a LEVEZA que deixamos por onde passamos!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O que é cultura para você?

'Uma colcha de "fuxico" ilustra bem o que penso sobre cultura: a união de diversos aspectos, a princípio distintos entre si, constituintes da alma de um povo, ou de um grupo, que servem como um reforço à afirmação de sua identidade'.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

mistureba

Para mim, amor sempre vai ser espontâneo. Sempre vai ter vindo da alma, mesmo sem razões para ter surgido. Amor não exige esforço, pelo contrário, exige, muitas vezes, contenção. Exige latência para não vir à tona. Amor de verdade dispensa tudo: ciúme, birra, demonstrações. Amor que é bom, mesmo, explode. Amor esquece tudo de ruim, amor SÓ quer estar perto, só quer VER (como ele estava LINDO hoje). É, esse sentimento não quer saber se é correspondido ou não, ele existe e só. Se tem outros, outras, não importa, o amor quer sentir, ver, saber de.... Poucas coisas são suficientes às vezes, porque amar é tanto, e tão lindo que ignora comportamentos sociais e racionais. Acho que estou falando de paixão, mesmo. Que seja! Esse sentimento quer só estar com a pessoa e não se importa com outros, ele quer só contato, proximidade, intimidade... É simplesmente olhar rápido, mas saber que HOJE você precisa ver, falar com a pessoa, e você falou. É sintonia, sincronicidade....