terça-feira, 27 de maio de 2014

a cara do fim

Quando duas pessoas se amam e se importam umas com as outras, existe o querer dar certo. Existe a conversa, as discussões, mas existe um entendimento mútuo. Estão ligadas pelo amor, e juntas por um objetivo comum, elas TENTAM! A melhor maneira de saber quando uma relação chegou ao fim é por meio do desinteresse de um dos dois lados, Não existe mais a vontade de dar certo de forma genuína, não existe mais o esforço demandado anteriormente. Quando uma conversa é demais, um desabafo é o cúmulo, um olhar é querer muito! E não falo em paixão, muitos relacionamentos têm esse cuidado, esse interesse, mesmo quando a paixão já foi embora. E são bons, fazem bem, são leves. É melhor sentir que alguém se importa do que ouvir um "eu te amo"! Aliás, foram-se os tempos do "eu te amo", tão vazio, sem significado. Pelo comodismo do dia a dia, pelo cansaço, vai o "te amo" mesmo, azar! O pior de tudo é viver o término da relação estando dentro dela. Viver o luto lento do fim do amor! Não existe remédio, feitiço, reza e macumbeira capazes de trazer de volta o interesse perdido, a empatia, o zelo! Se foi! Melhor se conformar! Melhor sofrer o luto a vestir um personagem 'do jeito que o outro gosta' O verdadeiro amor é gostar do outro como ele é! Simples! Fácil! Manjado! Mas difícil pôr em prática. Torna-se patético frear impulsos, reprimir atitudes, vontades, opiniões para ser quem o outro sonha. No início da relação, somos perfeitos aos olhos do outro, senão perfeitos, somos suficientemente o bastante para ele. E isso basta! Ser quem somos! Sem fachadas, sem mistérios, sem joguinhos. Sem mais! Quando um dos lados perde o interesse, tudo do outro pesa. O jeito do outro irrita. "Fala demais, reclama demais. Sai pouco, se veste mal". Os hábitos do outro irritam. "Dorme tarde, come mal". As escolhas dele não surpreendem. "Ah, legal! Já sabia"! As vitórias não são mais comemoradas com emoção: "Parabéns tu merece"! Tornam-se dois estranhos, com um tratamento quase formal, onde não cabe mais vivacidade. Qualquer fato novo e até grandioso não é motivo para felicidade, para empolgação, pra soltar fogos de artifício, abrir um champagne, sair para festejar, pra fazer aquela comida especial, pra matar aula, sair mais cedo do trabalho, para comprar flores ou um cartão, fazer uma declaração, gritar de felicidade, rir e chorar juntos pela conquista!Pois não é um, são os dois que venceram, estavam juntos sempre! E sim, é esse o famoso 'lado bom da vida', não o casamento, a formatura, o nascimento em si, por mais que sejam datas felizes. São esses pequenos momentos camuflados no cotidiano que mantém acesa a chama do sentido da vida! O cobiçado 'sucesso', pra mim, é saber ser feliz, saber identificar momentos preciosos que acontecem na vida sem data marcada e assim, festejá-los ao seu jeito! Sem manuais, sem cerimônias. Sim, deveria ser assim! Deveríamos poder compartilhar esses momentos junto de alguém. Mas, se um dos dois está mais ocupado com seus projetos pessoais e não permite-se dividir as pequenas alegrias da vida, e volta-se somente para o que lhe convém, não adianta! É o fim! Assim, certeiro! Porque amor é envolvimento, é VONTADE, é respeito e cuidado! Amor não é dizer eu te amo. Entre ouvir um "eu te amo" e sentir-se amado(a)existe um abismo, que abre espaço para nossas angústias mais profundas, para dúvidas, para incoerências sem tamanho. Amor não é menosprezar os problemas do outro, o jeito do outro, a VIDA do outro! A palavra amor já teve múltiplos significados pra mim, mas se hoje pudesse traduzir em uma frase, diria que: AMOR É O ATO DE SE IMPORTAR! Só isso! Me senti amada quando sofri minha primeira decepção amorosa e vi nos olhos da minha mãe o seu sofrimento! Pude sentir o seu amor pleno que transbordava naquele momento, mais do que nas várias vezes em que ela me disse 'eu te amo'. Me senti amada quando pensava estar no fundo do poço e amigos ficaram até altas horas emprestando um ombro pra eu chorar e desabafar. Me senti amada quando estava tão triste e completamente sem fome e minha prima fez um chocolate-quente pra mim. Me senti amada quando liguei pra contar uma novidade boa pra minha tia sobre uma conquista minha, e ela comemorou mais do que eu mesma. Me senti amada quando nem eu mesma me aguentava, já estava cansada de mim, e minha amiga disse que adorava meu jeito, que pra ela eu era melhor. Quando eu me sentia completamente incompreendida, e então, ela comprava minhas brigas e minhas dores. E me dizia que tudo ia ficar bem! Me senti amada quando não passei no vestibular e meu pai veio conversar comigo, disse que entendia meus motivos, estava do meu lado, que daríamos um jeito juntos e que 'isso não é o fim do mundo'. Me senti amada quando quis jogar tudo pro alto, terminar a relação e meu namorado disse que relacionamentos têm altos e baixos e que o melhor jeito de se entender é conversando. Quando já não acreditava mais e ele insistiu dizendo que nós valemos a pena, só basta querermos! É isso! "Só basta querermos". Eu tiraria o "SÓ". O "SÓ" é como se fosse uma sigla que abarca uma nomenclatura imensa. E assim, acrescentaria: Temos que querer todos os dias! Temos que persistir depois das brigas! Temos que conversar! Temos que arrumar tempo um para o outro! Temos que buscar compreender um ao outro ao invés de arrumar mais problemas! Temos que facilitar a comunicação ao invés de interrompê-la! Temos que ser firmes! Persistentes! Não desistir! Querer MUITO! Querer hoje, agora, amanhã, de novo, de novo e mais uma vez! Vencer o cansaço! Querer, querer, e enjoar de tanto querer! Acho que é isso! E ainda por cima das duas partes! UFA! ISSO JÁ É MUITO! Não é um "só", é um "demais", é um trabalhão! É a vontade de duas pessoas! E vale pra todas as relações, sejam elas amorosas, profissionais, de amizade, enfim... O ato de flexibilizar, de não desistir do outro, de buscar entendê-lo, é o que move as relações humanas, ou pelo menos, o que deveria movê-las! Claro que existem as opiniões que divergem, os gostos diferentes, as ideias que não batem. Isso é bom e saudável! Mas para qualquer relacionamento se manter é necessário vontade e disposição para perceber quais são as necessidades do outro. E a velha história de dar valor depois que perdeu é simplesmente não amar! É preciso deixar o egoísmo de lado. Entender que se são dois, é obrigatório que haja divisão; das alegrias, das contas, dos momentos, das dores, do novo.. enfim, Entender que não é só a minha vontade que importa. É ter maturidade pra estar cansado, mas saber ceder às vezes, pra estar triste mas acolher o outro e não culpá-lo de seus dramas, é dividir as dores. E posteriormente, as alegrias. Só quem se dispõe a estar presente nos momentos difíceis, merece estar junto nos momentos felizes! O amor é isso! E se 'isso' não existe mais, ele acabou! Abrem-se brechas para o silêncio. Para o não dito! Não dito por preguiça. E preguiça é desinteresse, é indisponibilidade de doar-se! Não é amor! Inexistem tentativas de mudar, de dar certo, porque não tem conversa, não entendimento. Apenas o silêncio é compartilhado! E ele, nesses casos, faz planos! Planos que são idealizados sem o aval do outro, sem seu consentimento. Aliás, aonde não existe diálogo, resta o silêncio. Carregado de expectativas, de vontades, de perguntas, angústias, de: "será que ele vai notar que estou triste, será que vai perguntar, será que isso algum dia irá mudar"? E as tentativas de ouvir e falar com o outro falham e falham e falham!!!! Modo offline ativado pro amor! E é esse desentendimento que perturba, é esse silêncio que incomoda. Envolto de 'te amo's', de demonstrações materiais, de frases curtas e rápidas, sem conversas, sem interesse, sem conhecer quem está ao seu lado verdadeiramente! É um silêncio doloroso, irritante. E o pior de tudo, é quando a estagnação toma conta, quando nem sequer espera-se uma mudança, um olhar carinhoso, uma tentativa de se aproximar do outro, quando morre a esperança e nós já sabemos o que isso significa! Fica o silêncio, mas se compreende a sua mensagem!

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